O século 21 marca um momento de grandes transformações. Tecnologias disruptivas mudam a cada dia a forma como nos comunicamos, nos entretemos e fazemos negócios. A revolução digital e a inteligência artificial trazem possibilidades quase infinitas – enfrentadas por unicórnios empoderados e por empresas tradicionais que tentam se reinventar para o novo mundo.
Se o cenário de inovação é promissor, não há como olhar nosso século sem colocar na balança os riscos e desafios crescentes que enfrentamos. As mudanças climáticas passaram a ser um fator decisivo para o futuro do planeta, trazendo consequências diretas e imediatas para a forma de se fazer negócios.
Ao mesmo tempo, uma sociedade mais madura e crítica clama pela diminuição das desigualdades e por espaços de convivência e trabalho mais diversos e igualitários, que afastem qualquer tipo de preconceito, discriminação e subrepresentação. Também exige maior transparência nas relações das empresas com os consumidores, com toda sua cadeia de negócios e com os governos e reguladores.
Em resumo, cobra-se mais coerência e comprometimento de todos – governantes, empresas, investidores, cidadãos.
Nesse novo cenário, dar prioridade às questões ambientais, sociais e de governança (ESG) deixou de ser algo opcional para as empresas. Esses aspectos podem significar riscos concretos para os negócios – mas também grandes oportunidades. Por isso, é natural que cada vez mais as companhias sejam avaliadas por seus desempenhos nessas três áreas, não apenas pelas linhas frias de um balanço tradicional.
Uma visão mais completa e complexa sobre as empresas
Essa necessidade força uma grande revolução no mercado consumidor, de um lado, mercado investidor de outro. A sociedade em geral, e os consumidores, em particular, passam a olhar as empresas com uma visão cada vez mais completa e complexa. Exige-se mais do que produtos e serviços de qualidade. Clama-se por uma atuação justa, transparente e socialmente engajada.
No lado do capital, alocadores de recursos buscarão estudar como as empresas encaram os desafios do ESG antes de decidir por um investimento ou desinvestimento. Analisar os indicadores de ESG de uma empresa significa esquadrinhar os riscos e oportunidades relacionados àquele negócio – questões ambientais, regulatórias, de imagem e outras que podem construir ou destruir valor.
Estamos vendo se consolidar figura do investidor com propósito. Um investidor que visa o lucro, sim, mas que também quer ver seu patrimônio sendo usado para gerar impacto efetivo na sociedade, na construção de um planeta melhor, de um futuro mais brilhante.
E como atender a esse investidor com propósito?
Incorporando indicadores de ESG nas dimensões do negócio. Mais do que isso, incorporando no seu modo de agir e pensar a compreensão de que uma empresa só faz sentido a longo prazo se trouxer ganhos para todos os stakeholders – acionistas, colaboradores e sociedade.
Essa revolução chega ao mercado financeiro pelo lado da procura – com investidores querendo concentrar seus esforços em ativos mais sustentáveis – e da oferta – com fundos e outros papeis que busquem formular propostas que atendam a esses anseios. Como toda grande transformação, traz certa instabilidade, gera desconfortos, mexe com o status quo. Mas veio para ficar.
É o momento de disrupção no pensamento das empresas, dos consumidores, dos governos e dos investidores.
Estão todos convidados a fazer parte dele.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Flexibilização da legislação impulsiona o desmatamento do Cerrado na BahiaDiferentemente da Amazônia, onde a ilegalidade é regra, no Cerrado baiano é o desmatamento autorizado que mais preocupa
- Crise climática, social e da biodiversidade estão interligadasRevisar o Código Florestal, fortalecer práticas agroflorestais e fazer a transição para um agronegócio de baixo carbono são algumas das ações fundamentais para o Brasil reduzir suas emissões
- Natura recebe certificação como Empresa B pela quarta vez consecutivaO principal destaque da pontuação foi o avanço na geração de renda e nas iniciativas voltadas para o bem-estar das consultoras de beleza da marca
- Como as hidrelétricas estão acabando com os peixes no Rio MadeiraSegundo cientistas, as centrais hidrelétricas da Bacia do Madeira afetam o ciclo hidrológico e impactam os padrões migratórios dos peixes
- Mundo caminha para um aquecimento de 2,7°C neste séculoMesmo que os governos cumpram suas metas de emissões, o mundo poderá atingir 2,7°C de aquecimento – quase o dobro da meta do Acordo de Paris de 1,5°C
- Perda da cobertura natural deixa Brasil mais vulnerável à crise climáticaJá não basta parar de desmatar: é preciso começar a recuperar a cobertura vegetal destruída
- Pesquisa mostra capitais na contramão de meta para redução de emissõesIniciativas nas áreas de transporte e energia podem cortar emissões
- Futuro das florestas depende de uso das técnicas de manejoNem sempre cortar árvores é sinônimo de desmatamento ilegal. Manejo florestal é um recurso válido e importante para determinar formas sustentáveis de aproveitar os recursos florestais
- A população global está em declínio; isso é bom para o meio ambiente?Parecia que nada poderia mudar a trajetória do crescimento populacional, mas uma grande mudança está se aproximando
- Agenda ESG: cursos e eventos da semana – 30/9Programação traz opções de especialização na área ESG
Insights no seu e-mail
Um resumo das novidades em ESG, além de entrevistas e artigos exclusivos. Semanalmente no seu e-mail, de graça.