Proporção de empreendedores sobre o total da população ainda é maior entre os brancos do que entre os negros, aponta levantamento do Sebrae
POR AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS
Nos últimos 10 anos (2013-2023), o número de empreendedores negros no Brasil cresceu 22%, superando o desempenho dos donos de pequenos negócios brancos, que registraram uma alta de 18%. Segundo estudo realizado pelo Sebrae com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em 2013 existiam 12,8 milhões de pessoas negras donas de negócios e 11,7 milhões de pessoas brancas, saltando, em 2023, para 15,6 milhões e 13,8 milhões, respectivamente. Esse aumento permitiu que, no período analisado, a diferença entre pessoas empreendedoras pretas e pardas, em relação às brancas, ampliasse de 1,1 milhão para 1,8 milhão.
Os dados revelam, ainda, que a proporção de empreendedores negros, quando comparada com o universo da população brasileira de pessoas pretas e pardas, passou de 15,3% para 15,9%, de 2013 para 2023. Ou seja, no último trimestre do ano passado foram contabilizados 15,6 milhões de empresários negros num universo de 98,4 milhões de pessoas negras no país com mais de 14 anos – em 2013, essa proporção era de 12,8 milhões em um universo de 83,6 milhões.
- Newsletter ESG Insights – Grátis: receba um resumo semanal de notícias no seu e-mail.
Já entre os empreendedores brancos, essa taxa, em 2023, foi de 18,5%, o que significa que, em cada grupo de 100 brasileiros brancos com mais de 14 anos existiam, aproximadamente, 19 empreendedores, enquanto no empreendedorismo negro, a relação é de 16 donos de negócio pretos ou pardos em uma parcela de 100 pessoas negras.
De acordo com a pesquisa, ao longo dos anos, os negros donos de negócios estão mais escolarizados, aumentando a renda e melhorando a situação, saindo da informalidade e contribuindo em maior número com a Previdência. Mas ainda há uma grande lacuna em relação aos empreendedores brancos. A proporção de empresários com CNPJ, por exemplo, é 18,6 pontos percentuais maior entre os empreendedores brancos, em relação aos pretos e pardos.
A pesquisa Empreendedorismo negro no Brasil sob a ótica da Pnad Contínua, realizada pelo Sebrae, utilizou dados da Pnad Contínua desde 2012 (quando foi realizado o primeiro trabalho), até o último trimestre de 2023. O enfoque em empreendedorismo negro é feito por meio do conceito de donos de negócio como trabalho principal, ou seja, aqueles à frente de um empreendimento (com ou sem CNPJ) e que possuem ao menos um empregado, ou que trabalhem por conta própria, à frente de um empreendimento (com ou sem CNPJ), sozinhos ou com sócio, e que não possuem empregados.
O perfil do empreendedorismo negro
O perfil do empreendedorismo negro, no Brasil, em 2023, responde pelas seguintes características:
- A maioria, 67,8%, são homens.
- 50,8% têm entre 30 e 49 anos de idade.
- 42,8% possuem o ensino médio completo e 13,5% possuem o ensino superior completo; somente entre as mulheres pretas e pardas empreendedoras, 18,5% têm ensino superior 47,2% têm ensino médio.
- Cresce a quantidade de negros donos do próprio negócio que contribuem para Previdência – em 2023, atingiu o recorde de 28,7%, diferença de 10,7 pontos percentuais em relação a 2012.
- Estão presentes majoritariamente nas regiões Sudeste (37,7%) e Nordeste (32,7%).
- Atuam em sua maioria no setor de serviços, que atinge seu recorde histórico em 2023, com 41,4%.
- 89,8% são empreendedores por conta própria e 10,2% são empregadores.
Mais dados sobre empreendedorismo no site do Sebrae
- Newsletter ESG Insights – Grátis: receba um resumo semanal de notícias no seu e-mail.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Brasil tem chance de liderar diálogo global sobre a questão climáticaCaberá ao Brasil liderar uma cúpula sobre mudanças climáticas que pode ser decisiva em um momento crítico para o planeta
- Lei que regula mercado de carbono no Brasil é sancionadaIndústrias poluentes poderão compensar emissões por meio da compra de créditos de carbono para fins de preservação ambiental
- Desmatamento e perda de biodiversidade são ameaça à segurança alimentarPerda da cobertura florestal provoca um desequilíbrio em toda a cadeia alimentar dos ecossistemas
- Novas regras podem dificultar entrada de produtos agrícolas brasileiros na EuropaLegislação que reforça fiscalização sobre produtos gerados sem respeito ao meio pode dificultar interesses comerciais do Brasil
- Democratizando a felicidade no trabalho: revendo a escala 6×1Esquema de trabalho 4×3 ainda é um privilégio de uma elite corporativa, enquanto maioria enfrenta longas jornadas
- Projeto de mercado de crédito de carbono volta à CâmaraCom a aprovação no Senado com mudanças, texto retorna para nova análise dos deputados
- Novo plano de restauração pode deslanchar o Código FlorestalAté 2030, o Brasil pretende restaurar 12 milhões de hectares com a implementação do Código Florestal pelo Planaveg
- Capital do ouro ilegal resiste a operações contra o garimpo na AmazôniaAs operações contra o ouro ilegal levaram à revolta dos garimpeiros, que tentam retomar a atividade
- Flexibilização da legislação impulsiona o desmatamento do Cerrado na BahiaDiferentemente da Amazônia, onde a ilegalidade é regra, no Cerrado baiano é o desmatamento autorizado que mais preocupa
- Crise climática, social e da biodiversidade estão interligadasRevisar o Código Florestal, fortalecer práticas agroflorestais e fazer a transição para um agronegócio de baixo carbono são algumas das ações fundamentais para o Brasil reduzir suas emissões