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Cresce o impacto ambiental da economia digital, alerta ONU

Unctad pede estratégias sustentáveis e equitativas para mitigar a emissão de CO2 e o consumo de matérias-primas não renováveis

A economia digital é uma grande consumidora de minerais, energia e água e uma crescente geradora de resíduos. Por isso, contribui de forma significativa para as emissões de gases de efeito estufa. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) lançou na semana passada o Relatório de economia digital 2024 no qual pondera que, embora a digitalização impulsione o crescimento global e traga oportunidades, suas repercussões ambientais são cada vez mais graves.

A ampliação do comércio eletrônico, o desenvolvimento da inteligência artificial e o crescimento da mineração de criptomoedas são algumas das principais causas da ampliação da pegada ambiental do setor de tecnologia da informação. Só o consumo de energia relacionado à mineração de bitcoins aumentou 34 vezes entre 2015 e 2023, atingindo 121 TWh. Entre 2018 e 2022, o consumo de eletricidade de 13 grandes operadores de datacenters mais que dobrou.

A Unctad afirma que há uma preocupação com o esgotamento de matérias-primas usadas para impulsionar essas tecnologias. Os países em desenvolvimento têm um papel central na cadeia de suprimentos global de minerais e metais de transição, usados para impulsionar as tecnologias digitais.

O Brasil possui grandes reservas de minerais de transição, incluindo 26% do grafite natural, 19% de elementos de terras raras, 14% do manganês, 12% do níquel e 9% da bauxita. Segundo o relatório, cerca de 11.670 km2 do desmatamento da floresta amazônica brasileira observado entre 2005 e 2015 foi causado pela mineração. Isso representa cerca de 9% da perda total de floresta durante o período.

Aumento das emissões de CO2 da economia digital

Em 2020, as emissões de CO2 do setor de tecnologia da informação foram estimadas entre 0,69 e 1,6 gigatoneladas, representando de 1,5% a 3,2% das emissões globais de gases de efeito estufa.

O comércio eletrônico saltou de menos de 100 milhões de consumidores em 2000 para 2,3 bilhões em 2021. Isso levou a um aumento de 30% nos resíduos digitais de 2010 a 2022, atingindo 10,5 milhões de toneladas em todo o mundo.

O impacto ambiental da economia digital

  • Estima-se que o setor de TIC tenha sido responsável por algo entre 1,5 a 3,2% das emissões globais de gases de efeito estufa em 2020.
  • A produção de um computador de 2 kg requer aproximadamente 800 kg de matéria-prima.
  • A demanda por minerais críticos como grafite, lítio e cobalto pode aumentar em 500% até 2050.
  • Os datacenters consumiram 460 TWh de eletricidade em 2022, um número previsto para dobrar até 2026.
  • Os resíduos digitais aumentaram 30% entre 2010 e 2022, atingindo 10,5 milhões de toneladas em todo o mundo.
  • Os países desenvolvidos geram 25 kg de lixo digital por pessoa, em comparação com menos de 1 kg nos países em desenvolvimento e 0,21 kg nos países menos desenvolvidos.
  • Apenas 24% dos resíduos digitais foram formalmente coletados globalmente em 2022, com uma taxa de coleta de apenas 7,5% nos países em desenvolvimento.
  • Os dispositivos da Internet das Coisas (IoT) devem crescer de 16 bilhões em 2023 para 39 bilhões até 2029.

Fontes: Unctad, Justice & Paix, Unitar (Scycle), IEA, Ericsson, Semiconductor Industry Association

Leia o relatório na íntegra

Com informações de Unctad e ONU News

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