Categorias
Artigos Factiva iG Tudo sobre ESG

Ética e propósito: revendo a relação humana

Reflexão sobre como ética e propósito impactam as relações humanas (Foto: Freepik)

Escutar e observar são movimentos importantes na busca de um lugar mais leve neste mundo

POR LUCIANA LANCEROTTI

Recentemente fiz uma transição consciente de carreira e hoje desejo atuar com um olhar que defino como Designer de Impacto e Sustentabilidade. Esse tema é novo e de uma amplitude que tem me permitido olhar por diferentes ângulos, temas diversos. Numa dessas buscas por esse movimento, tenho feito um exercício de entender um pouco mais sobre o significado e definição de palavras que considero importantes e que são muito usadas no dia a dia das pessoas. Parece algo meio trivial, né? Mas isso tem ajudado no meu processo de autoconhecimento e na relação com o mundo exterior.

Decidi fazer um recorte de dois temas que me chamam a atenção e exercem um forte impacto em nossas relações humanas: ética e propósito. Trago minha releitura e o como para mim tem feito sentido, sem nenhuma pretensão acadêmica. Fiquem à vontade para complementar e aprofundar nos comentários. Afinal, meu objetivo é aprender e compartilhar!

Ética

Deriva da palavra grega êthos, que significa “caráter”. A ética e a moral são o que nos permitem diferenciar entre as boas e as más ações no comportamento das pessoas. A ética é o ramo da filosofia que estuda o comportamento humano e as ações morais de um ponto de vista teórico. A ética contribui para que as pessoas pensem sobre como concebem o bem e o mal em diferentes áreas de suas vidas.

Propósito

Uma palavra que tem origem no latim propositum, que significa “vontade ou intenção de realizar alguma coisa”. É o que dá significado e motivação para nossas vidas e empresas.

Reflexão: autoconhecimento como base sustentável

Ultimamente parece tão simples falar desses temas. Mas acredito que praticá-los demanda muito exercício de autoconhecimento e consciência.

Pode levar anos para uma pessoa identificar um propósito diante de um mundo de caos e numa dimensão enorme de acesso a informações, enquanto para outras pode ser simples. Pode ser um exercício solitário ou, como no meu caso, uma jornada acompanhada por várias mentoras de diferentes esferas e olhares complementares.

Nas empresas, é o mesmo cenário, mas podemos fazer a pergunta “pra que e por que essa empresa existe” ou buscar auxílio em consultorias especializadas nessa construção. Da visão pessoal, deixo aqui um convite para não desistir de sua busca, mas também não se pressionar e sofrer nessa trajetória.

Conectando propósito e ética, tenho exercitado meu olhar cuidadoso e carinhoso em um cenário específico: grandes grupos de WhatsApp. Respiremos todos, por favor! Mas eu acredito que se eu me propus a rever processos que tragam maior impacto nos indivíduos, na sociedade e no ambiente que vivo, não dá para ser num cenário muito fácil. Eu vou explicar o porquê e como eu tenho feito para ancorar meu desenvolvimento – e que tem me ajudado muito.

Dois porquês antes de tudo

  • Por que WhatsApp? Ambiente digital pode ser considerado um “escudo” para muitos.
  • Por que grupos grandes? Acredito que tenham uma amostragem e representatividade significativa do comportamento humano.

O meu exercício

Julgamento imediato: toda vez que leio uma mensagem, eu, como todos ou a maioria de nós, faço um julgamento. Dizem estudos que levamos segundos (ou frações) nesse “raio X”.

Após os segundos iniciais: é um exercício enorme de superação. Congelo esse julgamento e faço as perguntas:

  • “O que me incomodou?”
  • “Por que me incomodou?”

O incômodo no papel ou no pensamento: escrevo, leio, fico olhando, refletindo.

  • O que esta frase ou atitude me trouxe de sentimentos?
  • Só saio daqui quando entendo mesmo. Vou fazendo a pergunta por que, por que, por que até descobrir, a famosa curva de inferência.

Espelho em mim: aqui eu jogo esse sentimento dentro de mim. Esta é a parte mais intensa e difícil, porque o diálogo é pra dentro.

  • O que eu faço que causa esse mesmo efeito nos outros?

Processo contínuo: e aí… olho para isso com carinho no meu dia a dia e busco em mim o que pode ser melhorado, diminuindo assim a frustração, a raiva, o desânimo com o que vejo nos outros e que sei que está dentro de mim.

Cada um tem um momento de vida, uma história. Quanta arrogância minha achar que tenho o direito de julgar o outro sem saber 100% do que é a vida daquela pessoa, não? Novamente, trago isso para mim. Longe de ser fácil. Mas é um mantra de desenvolvimento com o qual vejo que há cenários que são mais rápidos e outros podem levar anos!

Escolhi compartilhar algo muito pessoal como base no meu autoconhecimento. Por favor, evitem julgamentos! Risos. Espero que este texto encontre quem precisa deste olhar, na missão de viver com mais leveza neste mundo, com menos crítica, mais amor e mais apoio uns aos outros.

Escutar e observar são movimentos pela busca do sustentável, do impacto, do processo de design que tem como função buscar solucionar problemas. Assim fecho este artigo, relembrando o porquê do nome da minha própria empresa.

Leia mais artigos do ESG Insights.

Foto do perfil de Luciana Lancerotti

Luciana Lancerotti | Gestão e Design de Impacto – Palestrante, consultora e ex-CMO da Microsoft.

Foto: Freepik
Reflexão sobre como ética e propósito impactam as relações humanas

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS