Conheça iniciativas que transformam a vidas nas cidades
Enquanto São Paulo e outras cidades ainda pensam em viadutos – e estacionamentos embaixo de viadutos –, muitas localidades em todo o mundo já entenderam que não é isso que vai fazer uma região melhor nem tornar a vida dos habitantes mais agradável e feliz.
Quarenta anos separam as duas fotos de Toulouse, na França. Em 1976, as margens do Rio Garona eram um imenso estacionamento público. Em 2016, o local se transformou no Cais de Dourade, espaço de convivência e congregação para locais e turistas. O espaço inclui grandes gramados, um pavimento em arenito dos Pireneus e playground temático para crianças, inspirado na navegação no Garona. Tudo foi projetado para acomodar diversas atividades, como uma área de descanso, mercados ocasionais e piqueniques.
Em Utrecht, na Holanda, o canal que corta a cidade havia sido transformado, ao longo do século 20, em uma longa e tediosa rodovia. Na década passada, a área histórica readquiriu aspectos originais com a introdução de um grande parque natural.
O impacto da restauração se estende além de seu entorno. A iniciativa faz parte de um eixo de conexão mais amplo, incentivando a restauração do patrimônio cultural e a mobilidade a pé e favorecendo a adaptação climática da cidade.
Antes que qualquer complexo de vira-lata tome conta dos leitores, que tal olhar para as iniciativas como a do Rio de Janeiro? Como parte dos preparativos para as Olimpíadas de 2014, a cidade colocou abaixo o horrendo Elevado da Perimetral e fez surgir em seu lugar o Boulevard Olímpico. O calçadão à beira-mar, o Museu do Amanhã e várias outras iniciativas levaram de volta as pessoas a esse pedaço então degradado do centro. A construção de uma via subterrânea e as melhorias do transporte coletivo, com a implementação do VLT, viabilizaram a retirada do antigo viaduto e fortaleceram a mobilidade.
Atenção, prefeitos e vereadores: preparem o comando copy/paste e divirtam-se.
Utrecht, Holanda


Toulouse, França


Rio de Janeiro, Brasil


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