Centro-Oeste, Minas e Bahia devem ser as áreas mais afetadas
AGÊNCIA BRASIL
Até 2050, o Brasil precisará aumentar em 44% a produção nacional de feijão para atender a demanda do mercado. Isso significa 1,5 milhão de toneladas a mais por ano. É o que mostra pesquisa desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Universidade de São Paulo (USP).
Mas, para dificultar essa tarefa, os produtores terão de enfrentar uma mudança climática que levará à elevação de até 2,8ºC na temperatura nas próximas duas décadas, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
A região Centro-Oeste e os estados de Minas Gerais e da Bahia devem ser as áreas mais afetadas, e podem inclusive ter que alterar o calendário para plantio.
Segundo Alexandre Bryan, pesquisador da Embrapa, a concentração de gás carbônico prejudica, especialmente, a fase reprodutiva da lavoura, impedindo a formação de vagens e grãos de feijão. Por isso, a tendência é cair a produtividade nos próximos anos. Mas os produtores podem se adaptar às novas condições plantio com a escolha de grãos mais resistentes.
“O feijão tipo preto apresenta uma tolerância maior a situações adversas. (…) A questão toda é que o mercado é restrito. Feijão preto, basicamente, é consumido no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro e o resto do Brasil é o carioca e esse é um problema.”
Mudança climática e políticas públicas
Alexandre Bryan destaca que a queda de produtividade da cultura do feijão causada pela mudança climática e o aumento de demanda são assuntos que devem passar por políticas públicas, tanto em relação ao investimento em pesquisa para a geração de plantas mais adaptadas quanto em relação à agricultura familiar. “É interessante ter uma política pública para a agricultura familiar, na qual ela possa produzir feijão em conjunto com outras culturas, ou em rotação com outras culturas, tendo também floresta no meio, tendo um planejamento que tenha diversidade. Porque se você tem diversidade tem maior, tem também maior sustentabilidade. A gente sabe que diversidade diminui, é uma forma minimizar o impacto das mudanças climáticas”, afirma Bryan.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, hoje, a produção anual de feijão no país é de R$ 12 bilhões por ano, chegando a 2,8 milhões de toneladas.
Foto: José Reynaldo da Fonseca/Creative Commons
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Resumo da semana ESG: diversidade nas empresas, 5 tendências ESG, Nike x Rayssa LealCobertura completa do ESG Insights
- Dificuldade em mensurar dados de diversidade compromete avanço da agenda ESGPara Erika Vaz, é preciso olhar para os indicadores como parte da estratégia de diversidade das empresas
- ESMA sugere melhorias para financiamento sustentável na União EuropeiaAutoridade de valores mobiliários da Europa propõe facilitar acesso dos investidores e regular dados ESG
- Mudança climática coloca em risco os atletas e esportesOs Jogos Olímpicos de 2024 estão apostando tudo em energia renovável, materiais reciclados e muito mais para reduzir sua pegada de carbono
- Retratos de 2024: arrogância da Nike ou fairplay de Rayssa?Campanha “lacradora” da empresa se contrapõe à singeleza empática da skatista. O mundo está mesmo dividido
- As cinco tendências de ESG do momento, segundo a XPHead de pesquisa ESG da XP explica o que esperar da agenda de sustentabilidade e investimentos sustentáveis no segundo semestre
- Pnud vê indicadores positivos para desenvolvimento sustentávelRelatório do Pnud aponta reconhecimento da necessidade de mudanças, IA e novas leis como sinais positivos
- Os desafios enfrentados por mães cientistas no BrasilA maternidade não é obstáculo à excelência acadêmica, mas sim uma questão de que estruturas institucionais e culturais inadequadas que precisam ser reformadas
- Agenda ESG: cursos e eventos da semana – 22/7Novas opções para mergulhar no universo ESG
- Garimpo (legal) da semana ESG – 20/7Principais discussões do universo ESG
Insights no seu e-mail
Um resumo das novidades em ESG, além de entrevistas e artigos exclusivos. Semanalmente no seu e-mail, de graça.