Diretriz CSRD, em vigor desde o início do ano, busca evitar greenwashing e impulsionar metas climáticas
A partir de agora, todas as grandes empresas que atuam na União Europeia (UE) serão obrigadas a divulgar regularmente relatórios sobre os impactos socioambientais de seus negócios. Isto porque em janeiro deste ano entrou em vigor a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), nova diretriz para relatórios de sustentabilidade e ESG, com validade já para o ciclo de relatórios a serem apresentados em 2025 para as grandes empresas (mais de 500 funcionários). Nos anos seguintes, serão incluídas médias e pequenas empresas.
A CSRD substitui a norma Non-Financial Reporting Directive (NFRD), corrigindo falhas e adicionando novos padrões obrigatórios alinhados às metas climáticas da UE e aos direitos humanos, por exemplo. Ela também é válida para subsidiárias de empresas não europeias qualificadas.
A CSRD está alinhada aos riscos ESG e aos seus critérios ambiental, social e de governança. Com ela, a União Europeia quer aumentar o grau de transparência das empresas, evitar greenwashing e permitir que investidores tomem melhores decisões de investimentos sustentáveis.
Novos padrões obrigatórios para relatórios de sustentabilidade
A norma apresenta um conjunto de requisitos qualitativos e quantitativos de publicação e de padrões obrigatórios que a empresa precisa seguir. Por exemplo, ela exige a divulgação da materialidade financeira (como questões de sustentabilidade podem ocasionar riscos e oportunidades financeiras) e da materialidade de impacto (resultados das atividades dos negócios no meio socioambiental).
Outra novidade é que as diretrizes estão de acordo com o Acordo Verde Europeu (European Green Deal).
- Leia: “As empresas precisam entender que governança corporativa séria é urgente”, avalia especialista
Impacto climático é prioridade, mas ainda há o que avançar
A Wolters Kluwer CCH Tagetik Benelux, empresa de softwares e soluções para profissionais do mundo corporativo, elaborou um estudo para observar o cenário atual dos relatórios de sustentabilidade. Também buscou analisar como as organizações estão reagindo à diretriz e quais são os principais desafios e as oportunidades que ela pode ocasionar.
A pesquisa revelou que para 90% dos entrevistados o impacto climático tem crescido de importância e se tornado uma das prioridades na agenda empresarial. Mas, ainda assim, quando perguntados qual o maior interesse das organizações, os resultados financeiros continuam no topo dos interesses, com 77%, seguido de clise climática. Aumentar a sustentabilidade ficou em terceiro lugar na lista de prioridades das empresas, acompanhada de outros indicadores tradicionais.
- Newsletter ESG Insights – Grátis: receba um resumo semanal de notícias no seu e-mail.
Um desafio comum relatado é a coleta de dados. Mais de 90% das empresas têm dificuldades em obtê-los mais de 60% têm problemas ao cruzar informações, seja por escassez, baixa qualidade ou quantidade de trabalho manual necessário.
O maior desafio apontado é fornecer dados das emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes de fontes que não pertencem diretamente à empresa, como cadeia de suprimentos, transporte e descarte de produtos. O estudo constatou que nenhuma organização está coletando os dados completos exigidos e 30% indicam que não têm capacidade para isso.
Texto atualizado em 6/8/2024
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Brasil mira descarbonização, mas segue subsidiando combustíveis fósseisInvestimentos diretos na extração de petróleo e gás continuam na casa dos bilhões
- Falas de Trump sobre combustíveis fósseis apontam para um “inferno climático”Promessas do recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, vão contra as medidas necessárias para mitigar as mudanças climáticas
- Desastres climáticos no Brasil aumentaram 460% em relação aos anos 1990Estudo analisou dados de 1991 a 2023 e constatou que cada aumento em 0,1 °C na temperatura média global do ar provocou 360 novos registros de desastres climáticos no país
- Crise climática condena uma geração inteira a nascer e viver sob calor extremoMesmo em um cenário otimista quanto às metas do Acordo de Paris, uma geração inteira ainda terá de viver sob extremos climáticos
- Conferências sobre o clima: muitas metas e pouco progressoReuniões e documentos cheios de boas intenções se sucedem desde 1972, enquanto seguimos sofrendo com os efeitos das mudanças climáticas
- Projeto de cosméticos sustentáveis assegura renda a comunidades na AmazôniaO Projeto Cosméticos Sustentáveis da Amazônia congrega 19 associações de produtores focadas na extração da biodiversidade amazônica
- Brasil tem chance de liderar diálogo global sobre a questão climáticaCaberá ao Brasil liderar uma cúpula sobre mudanças climáticas que pode ser decisiva em um momento crítico para o planeta
- Lei que regula mercado de carbono no Brasil é sancionadaIndústrias poluentes poderão compensar emissões por meio da compra de créditos de carbono para fins de preservação ambiental
- Desmatamento e perda de biodiversidade são ameaça à segurança alimentarPerda da cobertura florestal provoca um desequilíbrio em toda a cadeia alimentar dos ecossistemas
- Novas regras podem dificultar entrada de produtos agrícolas brasileiros na EuropaLegislação que reforça fiscalização sobre produtos gerados sem respeito ao meio pode dificultar interesses comerciais do Brasil