Controlar as emissões indiretas de gases de efeito estufa é um dos grandes desafios para as companhias. Veja um passo a passo para progredir nesse objetivo
A Global Environmental Management Initiative (Gemi), organização especializada em auxiliar empresas e instituições em projetos ambientais, de saúde, segurança e sustentabilidade, criou um guia para orientar as companhias na criação de um programa de descarbonização com foco em melhorias de indicadores do chamado Escopo 3.
O guia Building a Scope 3 program: A Gemi quick guide (Construindo um programa de Escopo 3: um guia rápido da Gemi) apresenta uma estrutura para um programa de Escopo 3, aborda questões-chave de governança e apoia as empresas nesse processo, independentemente de onde estejam em sua jornada de sustentabilidade. As dicas são apresentadas em formato de um passo a passo com nove itens (veja um resumo abaixo).
O guia enfatiza a importância de uma abordagem sistemática, começando com uma avaliação e medição de base detalhadas das emissões de Escopo 3. Esse passo, segundo a Gemi, é crucial para identificar fontes significativas de emissões e estabelecer um ponto de referência para futuras melhorias. Uma vez estabelecida a linha de base, as empresas devem definir metas de redução, engajamento de stakeholders e implementação de estratégias para melhoria contínua.
O que é Escopo 3
A redução de gases de efeito estufa (GEE) é um dos pontos centrais para qualquer programa de sustentabilidade corporativa – seja por pressões regulatórias crescentes, seja pelo aumento das cobranças da sociedade e dos demais stakeholders.
O Escopo 3 refere-se a um dos três itens do Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol), ferramenta utilizada para entender, quantificar e gerenciar emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Os três escopos são:
- Escopo 1 – Emissões diretas de GEE que ocorrem de fontes que são de propriedade ou controladas pela empresa, como emissões provenientes da combustão em caldeiras, fornos, veículos etc.
- Escopo 2 – Emissões indiretas de GEE provenientes da geração de eletricidade adquirida e consumida pela empresa.
- Escopo 3 – Todas as outras emissões indiretas de GEE que ocorrem na cadeia de valor da empresa, incluindo tanto as emissões upstream (antes do produto chegar à empresa) quanto downstream (após o produto sair da empresa). Isso pode incluir emissões associadas à extração e produção de materiais adquiridos, transporte de bens e serviços, resíduos gerados nas operações, viagens de negócios, deslocamento de empregados, uso de produtos vendidos, entre outros.
As emissões do Escopo 3 geralmente representam a maior parte da pegada de carbono de uma empresa, mas também são as mais desafiadoras de medir e gerenciar, pois envolvem atividades que estão fora do controle direto da empresa.
Nove passos para estruturar um programa de Escopo 3
Veja os nove passos propostos para a Gemi para auxiliar as empresas em seus projetos de redução de gases de efeito estufa.
Passos 1 e 2 – Avaliação e medição de base
Envolvem a realização de uma avaliação abrangente de materialidade para identificar fontes relevantes de emissões de Escopo 3. Utilizando soluções tecnológicas como plataformas de gestão climática, as empresas podem medir e categorizar emissões. Estabelecer uma linha de base quantifica as emissões atuais e define o cenário para a definição de metas e melhorias futuras. Este passo é intensivo em recursos, exigindo colaboração e uso de ferramentas avançadas.
Passo 3 – Definição de metas e objetivos
Após estabelecer a linha de base, as empresas devem definir metas ambiciosas, mas alcançáveis, para reduzir as emissões de Escopo 3. Essas metas devem estar alinhadas com os objetivos de sustentabilidade corporativa mais amplos e serem informadas por práticas recomendadas do setor e diretrizes científicas.
Passo 4 – Engajamento de stakeholders
O engajamento eficaz de stakeholders é crucial para o sucesso de um programa de Escopo 3. Tanto stakeholders internos quanto externos, incluindo fornecedores, clientes e órgãos reguladores, devem estar envolvidos no processo para garantir amplo apoio e esforços colaborativos.
Passo 5 – Engajamento de fornecedores e aquisições
Engajar fornecedores em iniciativas de sustentabilidade é essencial para reduzir as emissões a montante. As empresas podem usar modelos como o Roteiro de Sustentabilidade de Fornecedores e metodologias como o CDP Supply Chain para impulsionar a participação e o compro misso dos fornecedores.
Passo 6 – Estratégias de redução de emissões de carbono
Implementar estratégias de redução direcionadas, como fornecer calculadoras de carbono para clientes, ajuda a mitigar as emissões em toda a cadeia de valor. Essas estratégias devem ser baseadas em dados e adaptadas às necessidades específicas e capacidades da empresa e de seus parceiros.
Passo 7 – Monitoramento e relatórios
O monitoramento contínuo e a transparência nos relatórios de emissões de Escopo 3 são vitais para acompanhar o progresso e manter a responsabilidade. A colaboração em grupos do setor pode melhorar a precisão dos dados e a eficiência dos relatórios.
Passo 8 – Integração e comunicação interna
Integrar iniciativas de Escopo 3 nos processos de negócios mais amplos e manter canais de comunicação claros dentro da organização garante alinhamento e promove uma cultura de sustentabilidade.
Passo 9 – Melhoria contínua
Um programa de Escopo 3 bem-sucedido requer avaliação e refinamento contínuos. As empresas devem revisar regularmente suas estratégias e práticas, incorporando novos insights e tecnologias para impulsionar a melhoria contínua.
O documento Building a Scope 3 Program, A Gemi Quick Guide pode ser baixado gratuitamente neste link.
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Texto produzido pela redação do ESG Insights a partir de pesquisas auxiliadas por inteligência artificial.
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