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Mudanças climáticas levam a perdas culturais e refugiados ambientais em todo o mundo

O caráter violento das mudanças climáticas (Foto: Divulgação)

Documentário Protetores do Planeta Terra, lançado nesta sexta (15/3), traz um olhar sensível sobre os impactos da crise ambiental e valoriza iniciativas sustentáveis

POR BÁRBARA VETOS

O Reino de Lo, como é conhecido por seus moradores, é uma região fria e repleta de geleiras, localizada no interior do Tibete, no norte da Cordilheira do Himalaia. Ou pelo menos era. O povo que ali reside vem sendo vítima da seca, fruto das mudanças climáticas.

Talvez pareça uma realidade muito distante do lugar em que você vive: outras crenças, costumes, histórias. Rostos desconhecidos a mais de 20 mil quilômetros do Brasil. Pessoas que, por mais que tenham um impacto mínimo nas condições climáticas atuais, são as mais afetadas por sua intensificação – e estão na linha de frente de uma catástrofe que, mais cedo ou mais tarde, afetará a todos.

O documentário Protetores do Planeta Terra, que estreia nesta sexta-feira (15/3) no Amazon Prime Video e na Apple TV+, constrói uma narrativa que perpassa locais modificados pelos efeitos da ação humana e revela diferentes iniciativas que atuam no enfrentamento às mudanças climáticas, dispostas a transformar e proteger o planeta.

Em sua expedição, a diretora e artista franco-americana Anne de Carbuccia encarou paisagens contrastantes, caminhando em uma linha tênue entre beleza e destruição. Por meio de sua arte, ela registrou as descobertas e as histórias que ouviu em cada locais em que esteve.

O caráter violento das mudanças climáticas

Em determinado momento do filme, Tashi, morador e ativista do Reino de Lo, questiona como um tema tão recorrente na mídia, como a crise ambiental, pode ser desacreditado por algumas pessoas. O negacionismo, por si só, já é violento. Mas como mensurar a agressividade que é forçar todo um povo a sair do local em que vive e ao qual pertence?

Em vários lugares do mundo, já é possível encontrar refugiados climáticos: pessoas que foram obrigadas a abandonar suas cidades ou países de origem devido à escassez de recursos naturais, contaminação da água e extinção de espécies.

Segundo relatório do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC), somente em 2022 os eventos climáticos extremos fizeram com que 31,8 milhões de pessoas em todo o mundo fossem submetidas à migração interna. No continente americano, foram 2,1 milhões.

Uma das principais preocupações dos ativistas é a perda cultural que esse tipo de migração pode gerar. Esculturas, documentos, mantras entalhados em pedras: tudo isso acaba ficando em segundo plano na busca pela sobrevivência. “Eles terão que abandonar seus ancestrais. Estão literalmente deixando seus deuses para trás”, diz a diretora em referência às cavernas do Reino de Lo, que guardam tesouros arqueológicos e registros de suas crenças.

Consumo, descarte e disputa por recursos

Uma área como a cidade de Nova York, por exemplo, tem um nível de consumo maior do que todo o Nepal. Mesmo que a população do país seja quase quatro vezes maior que o povo nova-iorquino e sua área de extensão também ultrapasse a da cidade. Essa desigualdade, combinada à crise climática, aponta para novos focos de tensões geopolíticas e disputas por recursos naturais no futuro.

Dividido entre fotografias, viagens e conversas com ativistas e cientistas, o filme destaca iniciativas locais e o engajamento dessa população com as questões climáticas. E, com sua arte, perpetua essas ações no tempo e ao redor do mundo, chamando atenção para uma necessidade de mudança individual e coletiva, e defendendo, inclusive, que a tecnologia seja uma aliada nesse processo.

Embora o colapso climático pareça iminente, esforços para a redução de emissões continuam sendo importantes para a manutenção da vida no planeta, que sofrerá adaptações para continuar existindo.

É nessa corda bamba entre realidade e esperança que o documentário se equilibra, trazendo perspectivas plurais sobre os impactos ambientais e convocando as pessoas para uma virada de chave que já vem acontecendo. Afinal, os recursos não são infinitos, mas a espécie humana também não.

Protetores do Planeta Terra

Documentário, 93 minutos. Em exibição no Amazon Prime Video e na Apple TV+.

Escrito e dirigido por Anne de Carbuccia
Roteiro: Anne de Carbuccia e Luigi Montebello
Consultor de roteiro: Dan Crane
Produção: One Planet One Future Foundation
Produtor executivo: Max Brun
Produtor executivo associado: Stefano Curti
Direção de fotografia: Luigi Montebello
Desenho de produção: Daniela Schneider
Trilha sonora: Filippo Manni and Massimo Perin
Montagem: Luigi Montebello
Pós-produção: Artech Digital Cinema
Gênero: documentário 
País: Estados Unidos, Itália 
Ano: 2023
Duração: 93 minutos

Foto: Divulgação
O caráter violento das mudanças climáticas

 

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