Documento divulgado pela CVM no final de 2023 alia questões ESG ao perfil dos investidores
POR BÁRBARA VETOS
A nova orientação da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), publicada em dezembro de 2023, acrescenta critérios ESG na avaliação de perfil dos investidores. A medida leva em consideração a ascensão constante da temática ESG. Cada vez mais, empresas e investidores demonstram preocupação em incorporar questões ambientais, sociais e de governança em suas práticas no mercado.
Segundo Paulo Morais, diretor de experiência, eficiência e sustentabilidade da Peers Consulting & Technology, o que a CVM vem tentando fazer é alinhar o mercado brasileiro de capitais aos padrões internacionais estabelecidos em 2023 pela ISSB/IFRS (International Sustainability Standards Board). Nesse contexto, “as empresas que investem em sustentabilidade devem cumprir uma série de requisitos de governança corporativa, contabilização dos investimentos e transparência, com foco em dar segurança e visibilidade aos investidores”.
O que muda na prática para o mercado?
Com a aplicação e adaptação às novas orientações, a ideia é que a vida dos investidores fique mais fácil. Para o mercado, isso pode significar uma nova tendência. Na análise de Morais, a orientação é um grande passo em prol de um mercado de capitais mais sustentável. Consequentemente, isso facilitará o aumento de investimentos em práticas ESG pelas empresas de capital aberto.
“Isso será benéfico, pois as empresas que desejam aumentar seus investimentos terão acesso ao capital facilitado e teremos mais investidores buscando investir nesse portfólio, dada a redução do risco atrelado ao negócio”, explica o diretor. “No fim do dia todo mundo ganha: o mercado de capitais e o desenvolvimento de mundo mais sustentável para as futuras gerações.”
Morais defende que a tendência futura é de que o retorno desses investimentos atraia novos perfis que, atualmente, estão mais concentrados no mercado de ações individualmente e/ou fundos de pensão, que buscam trazer rentabilidades acima da renda fixa para seus beneficiários.
Objetivo da orientação da CVM é evitar greenwashing
De acordo com nota emitida pela CVM, o documento também se propõe a evitar ou reduzir os riscos de greenwashing – uma estratégia utilizada por empresas na intenção de maquiar seus produtos e serviços por meio da falsa promoção de discursos sustentáveis. Essas práticas podem trazer impactos negativos não só ao meio ambiente, como aos investidores e consumidores.
Segundo o diretor da Peers, ao padronizar a forma de investir e prestar contas, os investidores conseguirão comparar seus resultados práticos mais facilmente e, consequentemente, denunciar caso esse tipo de conduta esteja acontecendo.
Leia mais sobre o Ofício Circular Conjunto CVM/SIN/SMI 1/2023 aqui.
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