Estudo da UFRJ mostra como desigualdades socioeconômicas influenciam no aumento dos índices
Em menos de 20 anos, 48 mil pessoas foram mortas pelas fortes ondas de calor associadas a doenças crônicas no Brasil. É o que revela o estudo Desigualdades demográficas e sociais do século XXI em termos de mortes relacionadas ao calor nas áreas urbanas brasileiras (em tradução livre), realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade de Lisboa.
Segundo a pesquisa, o Brasil experimentou de três a 11 ondas de calor por ano na década de 2010. Um aumento significativo em relação às quatro décadas anteriores, em que os episódios de altas temperaturas não ocorriam ou chegavam, no máximo, a três.
A análise levou em consideração as 14 regiões metropolitanas mais populosas do Brasil, de acordo com o IBGE: Manaus e Belém (Norte); Fortaleza, Salvador e Recife (Nordeste); São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (Sudeste); Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre (Sul); e Goiânia, Cuiabá e Brasília (Centro-Oeste).
Mortes estão vinculadas às diferenças socioeconômicas
De 2000 e 2018, as taxas de mortalidade fruto das ondas de calor foram 20 vezes maiores que as provocadas por deslizamentos.
O documento indica que as taxas de mortalidade relacionadas às ondas de calor variam entre regiões geográficas do Brasil, tendo relação direta com as desigualdades sociais.
As doenças mais frequentes afetam os sistemas circulatório e respiratório, com riscos de neoplasias. Entre os mais afetados estão pessoas do sexo feminino, idosas, negras, pardas ou com níveis educacionais mais baixos. O estudo chama atenção para o racismo ambiental – presente na dinâmica socioeconômica brasileira.
Confira o estudo na íntegra aqui.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Empresas brasileiras investem pouco e sem transparência em ações de segurança alimentarPesquisa analisou ações de filantropia das 150 maiores empresas do país; apenas 98 realizaram ao menos uma ação relacionada ao combate à fome
- Empresas brasileiras prosperam com conceito de economia circularProduzir a partir de uma lógica regenerativa é o conceito por trás da economia circular
- O futuro do hidrogênio verde no BrasilA rede elétrica nacional oferece uma vantagem estratégica ainda não plenamente reconhecida nas diretrizes atuais
- COP30: oportunidade brasileira de exigir justiça climáticaMitigar e adaptar as populações vulneráveis às mudanças climáticas nada mais é do que justiça climática
- Geração de energia no Brasil vive encruzilhadaA eficiência na geração elétrica não é mais uma escolha técnica, mas uma prioridade diante da crise climática global
- Os sinais de greenwashing nos preparativos para sediar a COP30Com recursos para investir, Belém optou por obras que deixam de lado mudanças que poderiam diminuir a desigualdade social
- Afundando nas sobrasNo dumpster diving, descarte de roupas feito pelas lojas tem outro destino: o guarda-roupa
- Germes de segunda mãoRoupas de brechó podem estar cheias de germes; veja o que é preciso saber
- Reinventando o futuroAlternativas ao fast fashion visam garantir sustentabilidade e dignidade nas relações humanas
- Um lookinho por segundoTikTok impulsiona tendências no fast fashion e favorece o consumo exacerbado