Ferramenta é gratuita, já está disponível e a participação é voluntária; expectativa é que alcance ao menos 500 empresas
POR AGÊNCIA BRASIL
A Rede Brasil do Pacto Global da ONU lança, nesta terça-feira (23), uma ferramenta que permitirá às empresas obter autodiagnóstico em direitos humanos em alguns minutos. A iniciativa apoiará a gestão e ajudará a melhorar o direcionamento das atividades de direitos humanos nas empresas.
A ferramenta foi criada no âmbito da Aliança pelos Direitos Humanos e Empresas, que é uma cooperação do Alto Comissariado das Nações Unidas pelos Direitos Humanos, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além da Rede Brasil.
A ferramenta BHR Gap Analysis, que já está disponível para todas as empresas interessadas, é gratuita e a participação, voluntária. Segundo a gerente executiva de Direitos Humanos e Trabalho do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, Tayná Leite, trata-se de uma ferramenta inédita, criada internamente, com apoio técnico do Centro de Empresas e Direitos Humanos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Como a iniciativa pode ajudar as empresas com os direitos humanos?
Com base em um autodiagnóstico aplicado por meio de questionário estruturado, a ferramenta fornece de maneira automatizada a indicação de caminhos e próximos passos a serem adotados pela empresa para aprimorar o respeito aos direitos humanos.
“A partir desse autodiagnóstico, que é uma espécie de simulado, uma autoconstatação de como a empresa está na temática de devida diligência de direitos humanos, ela obtém, então, o resultado de onde ela está, automaticamente. A empresa já recebe a posição dela, se está em nível iniciante, intermediário, avançado, e o que precisa fazer para melhorar suas práticas em direitos humanos”, explicou Tayná.
Além do objetivo pedagógico, com questionários e indicações específicas para empresas grandes, pequenas e médias, a BHR cumpre o propósito de coleta de dados para pesquisa sobre a situação no setor empresarial das temáticas de direitos humanos no Brasil. A previsão é que, em seis meses, a ferramenta trará esses dados por região do país.
“É importante destacar que os dados são anônimos. A empresa recebe o seu resultado, mas nós não recebemos resultados individuais, nós recebemos os resultados ‘anonimizados’ e agregados que nos permitem fazer algumas análises por setor, região, porte e outros recortes que sejam interessantes para desenvolver produtos, ferramentas, pesquisas e avançar na temática como um todo”, acrescentou.
A expectativa é que a ferramenta alcance ao menos 500 empresas. “Nossa estimativa é que os dados sejam apresentados no primeiro Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Empresas, que vamos ter aqui no Brasil no Marco da Aliança pelos Direitos Humanos e Empresas”, disse Tayná. Tanto o evento quanto a ferramenta são iniciativa dessa aliança.
De acordo com a Tayná, as empresas procuram a entidade já há um tempo, demandando ferramentas e capacitações nesse sentido. A BHR é uma forma de atendê-las na questão. A ferramenta passará por atualização, com a construção de módulos específicos relacionados a direitos humanos de crianças e adolescentes no setor empresarial, além de povos originários e comunidade LGBTQIAPN+.
“Outra etapa que deve vir no ano que vem, é ter módulos de legislação internacional, a depender da matriz do capital da empresa. Por exemplo, se a empresa é de capital norueguês e opera no Brasil, vamos incluir nas respostas e nas orientações o que é preciso atender pela legislação norueguesa. E isso vale também se se a empresa tiver negócios com países que têm legislações próprias”, informou.
Segundo Tayná, o objetivo é que a ferramenta seja um instrumento amplo e que a empresa possa usá-lo para aprendizagem e acompanhamento, além de monitoramento das suas práticas e das suas atividades.
- Newsletter ESG Insights – Grátis: receba um resumo semanal de notícias no seu e-mail.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
- Resumo da semana ESG: pejotização, mulheres no trabalho e crise climáticaAssuntos em alta na semana ESG
- Entra em vigor lei que institui Política Nacional de Qualidade do ArÓrgãos ambientais farão o monitoramento da qualidade do ar no país
- Mulheres relatam alta de estresse dentro e fora do trabalhoJornadas longas e duplas e desafios relacionados à saúde mental e menstrual marcam trajetória das profissionais no Brasil e no mundo
- Logística e transporte podem atrasar transição energéticaMais de 60% do transporte de cargas no Brasil é realizado por rodovias e as ferrovias crescem pouco. O que é preciso mudar?
- Pejotização e precariedade no trabalho desafiam empresas na era ESGSegundo o IBGE, houve uma alta de 20,8% nas contratações PJ no país até abril de 2022 em comparação ao mesmo período no ano anterior
- Nem pop, nem tech: os impactos do agronegócio na AmazôniaUso indiscriminado de agrotóxicos na região Amazônica causa danos à saúde da população e ao ambiente
- Negros, indígenas e grupos minorizados são os mais atingidos pelo aquecimento globalO mundo não está avançando rápido o suficiente nas questões das mudanças climáticas
- Agenda ESG: cursos e eventos da semana – 29/4Novas formas de se especializar e garantir seu espaço na área ESG
- Resumo da semana ESG: descarbonização, jovem aprendiz, mudanças climáticas e ESGConteúdos de destaque na semana ESG
- Por que o Brasil opta por veículos híbridos e biocombustíveis para a descarbonização?Conselheiro do Movimento Baixo Carbono (MBCB) defende que o Brasil tem a capacidade de ser um grande protagonista na descarbonização